Marcelo Savassi: o motociclista fora da curva
Na coluna Na Garupa com o Tunico, crônicas sobre estradas, histórias e destinos mineiros. Uma visão pela alma e pelo coração do Tunico, sobre as experiências que se pode sentir sobre duas ou quatro rodas

Um sidecar, uma mente brilhante e vinte anos de esclerose múltipla vencidos com leveza, atitude e sabedoria.
Hoje escrevo sobre um grande amigo: Marcelo Savassi. Sua história é um exemplo raro e inspirador de resiliência e superação.
Marcelo convive com a esclerose múltipla há 20 anos. Apesar das limitações, continua ativo como motociclista - com um sidecar adaptado, automático, que lhe permite pilotar com segurança e liberdade.
Esse nível de atividade após duas décadas de diagnóstico é notável, já que muitos pacientes evoluem nesse período para condições mais severas.Mas o Marcelo... é um homem fora da curva.
A ciência diz que fatores como menor frequência de surtos nos primeiros anos, sintomas iniciais sensoriais ou visuais, e o engajamento em atividades físicas e sociais contribuem para uma melhor qualidade de vida. Ele é a prova viva disso.
Entendendo a Esclerose Múltipla
A EM é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, provocando a perda da bainha de mielina dos neurônios.
Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa. A evolução depende de muitos fatores: idade, sexo, tipo e intensidade dos primeiros sintomas, e claro, da resposta ao tratamento.
Marcelo Savassi: o fora da curva
Estamos falando de Marcelo Savassi. Psicanalista de formação, músico, motociclista há no mínimo 50 anos, surfista e velejador enquanto a vida permitiu.
Apreciador de bons vinhos, chocolates, queijos - um curioso gastronômico e um excelente papo. Dono de uma mente criativa, leve, e de uma sabedoria que lembra os mestres zen.
Superando Limites
A adaptação da moto com sidecar foi mais do que um ato de engenhosidade - foi um ato de liberdade. Essa atitude ativa, positiva, reforça sua saúde física e mental.
E ele está sempre por perto. Se não chove, lá está ele nos eventos musicais do Abóbora. Quando tem Moto Terapia ou Fora da Curva, ele aparece.
Café da manhã no Mirante dos Veadeiros às 6h30? Presente. Feiras do Córrego do Feijão? Natal nos Quilombos? Brumadinho Motofest (onde foi homenageado)? Sempre presente. Até para plantar ipês no Projeto Renascer, lá vai ele com seu sidecar e um sorriso.
Hoje morando em Piedade do Paraopeba, é Brumadinense de coração. Nos conhecemos há 15 anos, quando nasceu o Abóbora.
Mas o destino já tinha nos cruzado no “metaverso do Homem-Aranha” - lugares, pessoas e amigos em comum, mesmo sem nos encontrarmos antes.
Conclusão
O caso de Marcelo é a personificação de como a atitude, a adaptação e o engajamento com a vida fazem diferença. Ele desacelera o avanço da doença e, em certos aspectos, consegue até superá-la.
Agradeço a Deus por tê-lo como amigo. Aprendo com ele a cada conversa. E, com calma e carinho, vamos saboreando a vida. Lapidando juntos esse nosso pedacinho de planeta.
“Há quem pilote pela estrada. E há quem pilote pela alma. Marcelo faz os dois.”
* Tunico Caldeira é publicitário, gestor cultural, professor e artista plástico
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